Por que o mercado avalia o produtor pela produtividade e não pelo que sobra?
Recentemente, soja voltou a ultrapassar 9 doláres/buschel em Chicago, elevando os preços nos portos brasileiros a 10 dólares/buschel (ao se adicionar os premios de entrega). Já na roça, fazendo o cambio e retirando o custo do frete, o preço chegou, na média, acima de R$ 100 a saca. Por isso é espantoso saber que, apesar das altas cotações, ainda muitos produtores acabam falindo e entregando suas lavouras para quem tem liquidez nas mãos.
Para o produtor rural e empresário Paulo Nicola (de Santiago/RS), esse fato não é exceção e, infelizmente, está atingindo muitos produtores que estão sem saída, a não ser entregar suas propriedades e lavouras para arrendatários que tem dinheiro nas mãos.
" Falta gestão financeira nas propriedades", sentencia ele. "O pessoal está sempre correndo atrás, e parece que nunca sobra dinheiro. No entanto o negócio soja é o mais lucrativo que temos no País; basta fazer o controle do custo e acompanhar o mercado para vender sempre que o lucro aparece".
Comparando seus dados com as médias de preços e de produtividade, Paulo Nicola diz que é preciso mudar a cultura da produção brasileira. "Precisamos deixar de focar as altas produtividades e darmos importancia na quantidade de sacas que sobra para o produtor".
Nicola ensina que, mesmo em anos de baixas produções, ele sempre retira acima de 10 sacas de lucro. Qual a mágica? "simples, responde, basta guardar as sacas que vc colhe acima da média nos anos bons para equilibrar com os anos de safra ruim". Mas, como saber a hora de comprar e vender? Paulo responde: "anotando, fazendo contas simples, coisas que qualquer um pode fazer em sua propriedade, e isso é a base da administração financeira" .
A partir desta entrevista, Paulo Nicola (autor de dois livros sobre gestão "A Lógica da Economia Rural", e "Lucre Sempre com a Soja"), está se proprondo a realizar uma série de entrevistas ao Notícias Agrícolas para aprimorar aquilo que mais falta ao sojicultor brasileiro, a gestão financeira de sua propriedade.
-- "É espantosa a quantidade de gente que está no risco, mesmo com os preços excepcionais que estamos vivenciando. Por isso é bom prestar atenção nas contas", adverte o mais novo colaborador do Notícias Agrícolas.
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