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Reportagem Jornal Zero Hora

Nesta terça-feira (28/10/14) saiu no Jornal Zero Hora, na coluna do Campo e Lavoura, a opinião de Paulo Nicola, agropecuarista e engenheiro civil, sobre o atual mercado e a venda de soja.

"Com a queda no preço da soja vieram as consequências esperadas. O alto lucro obtido neste período, ocasionado pela excessiva valorização da soja, mascarou alguns custos que aumentaram desproporcionalmente e que, forçosamente,  terão de ser revistos. Entre eles o alto índice de endividamento ocasionado pela euforia do mercado, o transporte, o armazenamento e os arrendamentos acima do aceitável. Transporte nem se fala. Nossas estradas são as piores possíveis. Porto, então, pior ainda. Quem paga um navio atracado por até 60 dias? Quilômetros de caminhões parados por dias, montanhas de milho a céu aberto, todas essas despesas se refletem em custos e fazem a diferença quando os estoques se ajustam como é o caso nos dias de hoje.

Com tudo isso, mais do que nunca teremos de administrar melhor ainda nossa atividade e alguns cuidados se fazem necessários, entre eles, o aumento de produção, os  ajustes em equipamentos desnecessário, a liquidez e uma boa política de comercialização. Precisamos ficar atento aos insumos que de uma maneira geral  sobem de acordo com o valor da soja e não baixam mais, como ocorreu em 2008.

Aumentar significativamente a produção não é necessariamente comprar equipamentos que agilizem o plantio ou a colheita. Tem tudo a ver com o aproveitamento do potencial produtivo do solo. Agricultura de precisão, hoje praticada por apenas 25%  dos produtores, é uma amostra do potencial de crescimento da produção. O grande investimento  é em fertilização, pois equipamentos podem até ser terceirizados.

Precisamos ficar atentos aos juros pagos. Os juros agrícolas são essenciais para a atividade rural e a produção suporta, porem, se excessivos podem inviabilizar a atividade rural.

Temos de ter a consciência de que esta é a situação normal. A fase de preços altos passou e só retornara caso os estoques mundial sofram variações significativas como ocorreu em 2012  com a seca em três dos  maiores produtores de soja do mundo: Brasil, Argentina e EUA".